Ao tratar com complexidade as situações, misturando sentimentos de derrota com rancor e frustração, as pessoas complexas acabam por regurgitar nas pessoas, digamos, simples, explico a seguir, toda essa mistura tóxica, sendo capazes de corroer a alegria, motivação, fé e entusiasmo alheios. O eu do complexo diz: Eu não suporto te ver assim.


            Há tempo venho ensaiando para escrever um pouco e nesta semana em virtude de alguns acontecimentos que me deixaram preocupado, um pouco mais que o comum, acabei por sentar aqui e começar a redigir umas linhas.

            Quem é um pouco mais antigo, vai lembrar de uma figura pitoresca da televisão, Sr. Abelardo Barbosa, cujo apelido era "Chacrinha", personagem ímpar na história da comunicação e da televisão brasileira. Sei que muitos não o conheceram e apenas ouviram falar meio que de longe, mas para isso temos o Google hoje.

            Chacrinha, ou "O Velho Guerreiro" em seus programas, brincava com o auditório oferecendo e lançando sobre a platéia alguns itens, mas o bacalhau era o que mais sucesso fazia. Oferecia o troféu abacaxi para calouros não aprovados, de forma cômica, muito animada, brincava bastante com seu público.

            Nas  brincadeiras usava sempre suas frases prontas e uma delas marcou-me, dizia Chacrinha: "Eu vim para confundir, não vim para explicar!" Em virtude do que estamos vivendo nos dias atuais, eu creio que Chacrinha, se estivesse vivo iria dizer: Que é que fui fazer!

            Olhar para o universo humano atualmente é um exercício constante de resiliência e empatia, alguns momentos a gente alcança o limite da compreensão, quase com o copo a transbordar. Daí, me pergunto: Quando a humanidade perdeu a tangência da curva e conseguiu se transformar num celeiro de pessoas complexas?

            Um amigo me disse uma vez que eu poderia nutrir todos os sentimentos por ele, menos o sentimento de pena, porque assim eu endossaria o que a pessoa está passando, no caso, pela humanidade eu tenho sentido dó, de dor pois, no mundo das pessoas complexas existe um fio de linha que é capaz de se transformar em um emaranhado sem fim, super dimensionando o problema a algo realmente bizarro, assim tudo se complica, pois o foco real é o problema, e dar uma proporção sempre maior do que ele realmente é, tornou-se uma especialidade para muitos complexos seres humanos.

            Ao tratar com complexidade as situações, misturando sentimentos de derrota com rancor e frustração, as pessoas complexas acabam por regurgitar nas pessoas, digamos, simples, explico a seguir,  toda essa mistura tóxica, sendo capazes de corroer a alegria, motivação, fé e entusiasmo alheios. O eu do complexo diz: Eu não suporto te ver assim.

            Geralmente esses seres humanos complexos se escravizam na rotina medíocre, porque se fugirem dos seus combinados internos, pecarão e acabarão reforçando todo seu azedume, que tem como alicerce a falta de propósito, em você, porque estão presos em algum lugar do passado, sem serem capazes de aplicar o perdão a si mesmas, acabam transformando, tanto a própria vida, quanto a vida dos que cercam, complicada. Um exemplo disso são os mimizentos das redes sociais, de locais de trabalho, de estudo, de convivência.

             Uma rápida história: Meu amigo Zé, sempre me convidava para um churrasco em família. Várias vezes fui com minha família em sua casa, pois era só atravessar a rua. Mas achava estranho, apesar de sermos amigos, D. Antonia, esposa do Zé, nunca ia até a área de lazer e ao vê-la sentada sozinha na cozinha disse: Oh D. Antonia, vamos comer uma carninha com a gente lá na churrasqueira? E ela me respondeu, mais de uma vez: Não vou, porque vou ficar vendo o Zé beber cerveja e vou ficar brava. Entendi. Tempo depois, meu amigo Zé faleceu.

             Passados três meses, o filho do Zé  me telefonou que queria lembrar os bons momentos com o pai e organizou um churrasco na sua casa, no caso a casa do Zé. Lá chegando, conversa vai, conversa vem, passa a D. Antonia e eu digo: Oh D. Antonia, vem aqui com a gente comer uma carninha. (agora o Zé morreu e não vai tomar a sua cervejinha, pensei). Eis que D. Antonia me responde: Num vô, senão vou ficar lembrando do Zé.

             Quando eu falo em descomplicar é justamente isso, sermos pessoas mais simples, não me refiro a roupas, sapatos e outros acessórios, mas sermos simples de viver, não podemos nos contaminar com sentimentos de derrota, rancor e frustração, temos que olhar as vitórias que alcançamos, o bem que podemos fazer aos outros, e se não puder levantar alguém, não derrubar já é fazer o bem e se algo não acontecer da forma como desejamos, tentar achar algum motivo para entendermos que aquilo não era a melhor opção naquele momento, entender que algumas coisas ruins podem nos acontecer para impedir um mal maior, desta forma a gente combate a complexidade das pessoas com empatia, com o bem e com a gratidão.

             Descomplicar é isso, não perder a oportunidade de viver, por conta de pessoas complicadas, deixe a gastrite e a úlcera para elas, viver uma vida leve, praticando o bem, contribuindo com o bem e sendo grato, com toda certeza te dará a leveza que a sua vida merece.

 

            Te desejo vida! Até o próximo!

            Prof. Junior Bigarelli




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